Acabei de ler esse poema e simplesmente adorei. Confiram!!!!
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A arte de perder não é nenhum mistério;
tantas coisas contêm em si o acidente
de perdê-las, que perder não é nada sério.
Perca um pouquinho a cada dia. Aceite, austero,
a chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Depois perca mais rápido, com mais critério:
lugares, nomes, a escala subseqüente
da viagem não feita. Nada disso é sério.
Perdi o relógio de mamãe. Ah! E nem quero
lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Perdi duas cidades lindas. E um império
que era meu, dois rios, e mais um continente.
tenho saudade deles. Mas não é nada sério.
— Mesmo perder você (a voz, o riso etéreo
que eu amo) não muda nada. Pois é evidente
que a arte de perder não chega a ser mistério
por muito que pareça (Escreve!) muito sério.
BISHOP, Elizabeth. O iceberg imaginário e outros poemas. Tradução de Paulo Henriques Britto. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. p. 30
4 comentários:
Amo esta poesia. Tem outras traduções interessantes. Um beijo cheio de saudades.
Oi, obrigada pela observação. Abraço.
Fantástico o texto que escolheu, Tania. Penso que, em verdade, existe nele uma alma de desprendimento ocasionada com o confronto do pensamento de que nada possuímos de fato.
Abraço do blogueiro Jefhcardoso do http://jefhcardoso.blogspot.com/
Obrigada, Jefhcardoso, pela visita e pelo comentário.
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