sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A leitura entre a necessidade e o prazer

À tarde, li esse texto no site do CENPEC e achei-o muito interessante!



De modo geral, nossas ações, entre elas a leitura, são orientadas por três razões, como expõe Fernando Salvater3: ordens, costumes e caprichos. Nas duas primeiras, ordens e costumes, a orientação é socialmente mais impositiva, motivada por uma necessidade de que assim seja feita. Nesse sentido, lemos na escola porque assim é ordenado pelo currículo escolar, porque assim o desejam a sociedade e o grupo no qual vivemos, porque é necessário aprender a ler na escola, do modo como a escola ensina. São ordens sociais.

Da mesma forma, muitas das ações de leitura são motivadas por costumes, embora não rigorosamente obrigatórios, mas exercidas sob a pressão, ainda que mais leve, do grupo, pois a maioria das pessoas se comporta dessa maneira. Assim, lemos antes de dormir, durante as férias, no ônibus, no avião, etc., porque a maioria das pessoas assim procede. São costumes, hábitos. (Durante muito tempo e ainda hoje, com menor intensidade, se falou em hábito da leitura. Pior para o desenvolvimento do gosto pela leitura e da compreensão da necessidade de se ler. A ação de estudiosos, professores, escritores e intelectuais vem caminhando na direção de se criar o gosto pela leitura.).

Por outro lado, as leituras que fazemos por pura vontade, por decisão própria, sem ancorar-se em nenhum motivo, são caprichos, ainda que seja difícil isolar sujeitos e seus caprichos do cotidiano social. Lemos por necessidade, por ordens sociais, porque precisamos, porque isso nos faz bem. Lemos por comodidade, porque todos que nos rodeiam assim se comportam. Lemos por vontade própria, porque queremos, pois é gostoso, prazeroso.

Necessidade, comodidade e prazer: as razões que nos movem a ler. Não são absolutos e podemos compor nossas atividades de leitura mesclando necessidade e prazer. É possível tirar prazer do que lemos por necessidade, da mesma forma que ler por prazer pode tornar-se uma necessidade em nossas vidas. Aprendemos com as leituras prazerosas, descompromissadas, escolhidas ao sabor do desejo, sem preocupação em buscar informações, em responder perguntas. Da mesma forma, as leituras feitas em busca de conhecimentos, aprendizagens dirigidas, podem causar prazer, o prazer de aprender, de saber mais, de descobrir coisas novas, de olhar a vida e o mundo com outros olhos.
Referência
GARCIA, Edson Gabriel. In: A leitura no meio do caminho.
Disponível em: http://ftp1.cenpec.org.br/ftp/Biblioteca/Educacao/Producoes-Cenpec/prazer-em-ler-1.pdf. Acesso em: 01.10.2010

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